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Josh Klinghoffer fala sobre Dot Hacker, John Frusciante e composições

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No dia 30 de Abril de 2012, o blog Smoovtunes conversou com o Josh Klinghoffer sobre seu trabalho na banda Dot Hacker, solos de guitarra, John Frusciante, técnicas de composição e muito mais.

Confira abaixo a tradução completa:

Josh, muito obrigada por ceder parte de seu tempo para conceder esta entrevista. É para o meu blog, Smoovtunes (com V).
Oh, legal. Eu gosto deste nome (risos).

Eu tive a chance de ouvir o álbum do Dot Hacker e, por sinal, eu amei. A banda foi montada em 2008, o álbum sendo produzido desde então e concluído no seu aniversário de 30 anos. Este trabalho de gravação ficou parado por dois anos?
Obrigado. Desde 03 de Outubro de 2009, nada foi feito com exceção da masterização. Nós havíamos masterizado o album professionalmente para a versão vinil – no lançamento do dia 1° de Maio. Mas nada foi gravado ou mudado desde então.

Sendo um músico, você deve ter achado tentador poder revisar algumas coisas. Foi difícil conter a si mesmo?
Sim. Foi difícil no sentido de que quando eu o ouço agora, eu sinto que nós faríamos um trabalho diferente no processo de gravação. Na época, baseado no fato das pessoas estarem ou não na cidade, certas decisões foram tomadas. E se na época eu tivesse um poder aquisitivo melhor, estaríamos todos lá e  tudo seria feito de forma muito mais concentrada em um determinado tempo, e soaria desta ou daquela maneira. Porém, por outro lado, eu acho que é um registro muito honesto – é uma grande representação de onde essas quatro pessoas na banda estavam no momento. E eu sou muito grato  por termos lançado este álbum, pois ele poderia ter facilmente evaporado

No abismo dos álbuns arquivados.
Exato, na nossa pasta do iTunes.

Os fãs ficarão gratos por você não ter deixado isto acontecer. O álbum captura um momento pontual na experiência da banda. Você tem planos concretos de sair em turnê com este material? E você tocará outras músicas que você guardou e não aparecem no álbum?
No momento não há planos específicos, mas nós certamente tocaremos este ano. Devido à minha agenda com os Chili Peppers, eu estou meio atarefado – estamos com shows até o final deste ano. Mas nós temos uma pausa de 15 dias a cada duas semanas. Então, tenho certeza que haverá uma semana de shows do Dot Hacker aqui e ali, eu espero. Todos querem fazer isto. Nós temos milhares de coisas novas que iniciamos e que sabemos como tocar. Nós seguiremos alguns meses sem nos reunirmos, então é difícil de ficar em dia com a banda quando você não toca o tempo inteiro com a mesma.

Parece até um malabarismo.
É sim, um pouquinho. Mas eu tenho sorte, pois amo os dois lados da moeda e tenho a oportunidade de praticar diferentes aspectos meus, de minha musicalidade e criatividade em ambas vertentes. Então é sim um pouco de malabarismo porque são dois papeis diferentes, mas é sempre eu e não tem como não ser eu mesmo nas duas coisas. A única coisa que torna isto um pouco estranho é o tanto de atenção que um dos lados recebe, em oposição ao outro. Dá uma sensação de desequilíbrio, mas estou totalmente ok com isto.

É uma dicotomia.
Há momentos em que eu fico chateado que um dos lados não pode ser executado. Eu poderia estar em casa por duas semanas, mas daí um dos caras estaria fora em turnê com alguém e isto me irrita. Mas não há nada que eu possa fazer.

Então você está viajando em um ônibus de luxo em uma turnê numa semana e, na próxima, você dirigirá uma van?
Eu farei qualquer coisa. Os Chili Peppers viajam bem, há um conforto e é muito legal fazer parte disto, mas eu não tenho nenhum problema em entrar numa van e dirigir – tudo pela música. Eu sou tão grato por este álbum estar saindo agora e que a banda pode estar na consciência das pessoas, que seria legal mesmo rodar a cidade inteira para tocar somente para um grupo pequeno de pessoas. Eu gosto da ideia. Sempre foi meu sonho de criança – sempre foi meu objetivo, de formar uma banda com amigos e cair na estrada, me divertir. E eu fiz isso com pessoas de outras bandas, outros artistas e comecei do zero. E cada vez que saí em turnê, parecia que os locais dos shows ficavam cada vez maiores, assim como a agenda. E era como se a minha banda ficasse cada vez mais popular a cada álbum – com a diferença de que não era a minha banda (risos).

Você estava procurando um lar como músico, e acabou encontrando dois.
Sim, eu sou o bebê na banda aos 32 anos de idade no Hacker, e sou o bebê da outra banda também (risos). Mas eu acho que ambas ainda querem muito ter uma existência ativa e criativa. Com os Chili Peppers, ocorre de ser o tipo de banda onde você lança um album e tem que tocar para o mundo todo, o que é algo maravilhoso. Eu não acho que vai demorar até o próximo album sair. Creio que todos querem continuar trabalhando e criando. E o mesmo ocorre com a outra banda.

Você mencionou em outra entrevista que você tinha o hábito de concentrar-se em suas composições e letras antes de entrar no Red Hot Chili Peppers. Uma vez que você se envolveu em outra banda, você teve que resgatar este hábito porque a música é técnica e agressiva. Como mudou sua abordagem em relação à parte instrumental?
Sim, eu definitivamente abordo de forma diferente, mas só porque os tempos mudaram e eu ouvi um monte de música diferente, e eu penso sobre as coisas de forma diferente. Desde a gravação ou composição com o Dot Hacker, eu só focava em tocar mais guitarra mesmo pelo fato de eu estar muito presente no Red Hot Chili Peppers. Fazendo valer a pena um ano inteiro e repleto de composições e jams, além de conhecer Flea e Chad como músicos. Simplesmente passando horas tocando guitarra, que é algo que eu realmente não fazia há muito tempo. Quando eu estava com o foco em composição, eu tocava guitarra somente um pouco, e a composição saía direto nela. Mas eu estava fazendo um monte de composições no piano, usando sintetizador, criando sons e construindo canções naquela direção. Eu não estava focado em ser técnico na guitarra, não mesmo. Acho que nunca estive até que entrei para o Red Hot Chili Peppers. Para mim, quando comecei a tocar com eles, o meu maior medo acho que foi o fato de que John era tão tecnicamente proficiente, além de ser um guitarrista incrível. E eu sou um guitarrista diferente, sempre fui. Eu amava tocar as músicas que ele escreveu, e eu só esperava que as pessoas não esperassem alguém para vir e fazer exatamente a mesma coisa.

Fiquei surpreso ao ler numa entrevista que solar nunca foi fácil para você.Você disse que você prefere pisar em um pedal e criar combinações sonoras. Isto significa que você é um fanático por equipamentos?
Com certeza. E solar nunca foi algo fácil pra mim mesmo. Porque era algo que eu nunca quis fazer (risos). Quando eu comecei a tocar guitarra, eu estava descobrindo a maneira que a música saía, juntamente com a vocalização dos acordes. Eu ouvia bandas como The Smiths — uma forma mais arquitetônica de tocar guitarra e não ela como destaque principal. Eu realmente nunca tive interesse em aprender a solar. E quando eu pensei em fazer isto, eu pensei — Eu sempre amei pessoas como Slash (risos) e Jimmy Page, pessoas que sabiam solar, mas eu sempre achei que realmente não havia um lugar pra isto na música que eu estava interessado em fazer. Mesmo com John Frusciante solando — Eu amo isto e acho incrível, mas quando eu escrevo uma música, eu nunca digo: “Ah, ok… então depois deste refrão, vai entrar um solo de guitarra”. Não é a minha maneira de pensar quando eu escrevo as  canções.

Mas eu também não acho que John Frusciante pense assim.
Não, eu não acho até acerto ponto. Mas eu acho que certamente há músicas no acervo dos the Chili Peppers que agregam seções de solos de guitarra. E eu sei que ele gosta de solar. E é isto que eu quero dizer, comigo é totalmente diferente — Eu não quero ouvir um solo de guitarra. Sério, eu prefiro experimentar uma voz e reproduzi-la em um Casio SK-1. Isso soa mais interessante para mim — Isto é mais incomum de ouvir do que solos de guitarra.

Anthony, Chad, e Flea já chegaram a encorajá-lo a solar e designar certas partes de músicas à sua guitarra principal?
Há algo em comum dentro de todos nós que só quer balançar e fazer nossos instrumentos chorarem, isso era a parte legal de tocar. Hoje à noite, quando tocarmos ao vivo, eu vou solar e  haverá momentos para eu me expressar desta forma. Eu me divirto mas não é algo que eu sempre imaginei fazendo ou focando. Eu sou um pouco tímido em relação a isto. É apenas uma idéia errônea de que eu tenho que você tem que ser como Eddie Van Halen ao invés de Kurt Cobain, ou algo assim (risos). Ah, sim, e de volta ao foco: eu sou um fanático por equipamentos (risos).

Parte de “ser o bebê” no Chili Peppers implicou em você ter que buscar a ampliar seus conhecimentos sobre os clássicos da música. Os Red Hot Chili Peppers ficaram chocados, por exemplo, que você não tinha escutado Defunkt quando você juntou-se a eles. Você já identificou todas as áreas da música que você queria saber mais sobre?
Eu estou sempre procurando ouvir novas coisas. Certamente, eu gosto de passar um tempo com o Flea. Acho que em todas as vezes, ele sempre menciona um novo álbum de jazz — mesmo que eu já tenha ouvido, eu nunca realmente sentei e parei pra ouvir e entender no nível que eu sei que ele entende.

Mais especificamente, alguns músicos estão sempre à espreita para um novo tipo de música, enquanto outros tendem a absorver por osmose. Para qual lado você tende a ir?
Eu acho que sou o tipo de pessoa que sempre busca por novas músicas, novos sons me inspiram. Mas eu percebi – e é algo que não me orgulho em dizer – que mais ou menos em desde em meados do ano passado, eu tenho tido tanta música de minha autoria que acabei ouvindo as mesmas coisas sempre, só assim eu evitava fazer tantas coisas ao mesmo tempo. E eu tenho não ouvido um artista em particular, mas tenho ouvido várias compilações de músicas Africanas e reparando na forma como eles tocam suas guitarras e solam — eles praticamente solam durante a música toda, em alguns casos. Eu simplesmente tenho ouvido alguns álbuns e tentando imaginar como a banda ficaria composta reunida em um ambiente fechado, do que ir a lojas de CDs procurando por vários e diferentes artistas. Principalmente quando estávamos criando o I’m With You: Eu estava constantemente procurando novos sons que me inspiravam no que dizia respeito à gravação. Eu não sou um engenheiro, mas tenho desejos reais e afiados direcionados à como as coisas soam. E eu não sei se você quer citar-me nisto ou não, mas a forma que os Chili Peppers gravam não é louca ou orgânica, então eu sempre fico tentando empurrar as coisas para este lado.

Eu percebi que eu também escuto primeiro os sons e estudo as letras depois, me forçando a fazer mais associações com a música para que eu aprecie isto em outro nível.
Sim, é exatamente como eu sou também. Eu tinha o hábito de escrever as canções com certa relutância. Porque era um incômodo tão grande para mim — Eu tenho esta canção incrível na minha cabeça. Ninguém conhece porque eu ainda não terminei, mas estou caminhando pela turnê ouvindo a versão demo desta música, e há algo tão irritante nisto de ter que sentar e criar apresentações verbais emocionais (risos). Mas eu sou a primeira pessoa a mencionar as letras de Leonard Cohen ou a ouvir a letra de alguém e entender o motivo disto ser tão importante. Trabalhar nunca foi algo que eu fiz no que diz respeito à composição ou música – simplesmente acontece e eu apareço com isto. E eu sempre estive em turnê com outras pessoas, então nunca foi o caso de ter que parar pra trabalhar somente com isto. Mas agora tem sido assim com Dot Hacker. É um exercício ter que na real, agora, acabar as canções e apresentá-las. Quando eu era mais novo e fazia demos, eu sempre era acusado de colocar muitos efeitos na minha voz e esconder as letras. E era simplesmente pelo fato de naquela época eu ainda não ter culhão o suficiente de dizer: “Esta é a minha música e é isso que eu estou dizendo!” Eu sinto que ainda tenho um pouco disto com o Dot Hacker. Mas também sinto que as letras ficam mais confortáveis comigo agora. Eu não posso me esconder neIas; Eu as crio com mais confiança. E será legal. Quando avançarmos, será ainda mais diferente.

Sobre as letras: Em uma das entrevistas dos Chili Peppers, vocês citaram um favorito do hip-hop: J Dilla. Você consegue pensar em algum artista de hip hop que você tenha ouvido ultimamente e que tenha feito você mudar sua perspectiva na forma como você escreve e junta as palavras?
Não tenho ouvido nada de hip-hop ultimamente. Mas tenho ouvido muito Lil Wayne e gosto da forma como ele junta as palavras (risos).

Não precisa necessariamente ser do novo hip-hop. Donuts, de J Dilla’s não tem nada de novo, mas você citou como favorito entre os membros do Chili Peppers.
Eu tenho curtido J Dilla por um tempo, já. Mas acho que o Flea foi muito a fundo nesta turnê mesmo. Ele começou a envolver-se mais depois que aquele documentário foi lançado, ou algo assim. Eu acho que definitivamente, para mim, compondo e escrevendo, eu gostaria de ser o máximo de hip-hop que conseguisse. Eu amo a forma como eles abordam as letras. É uma maneira diferente de expor-se musicalmente.

Então eu acho que acabei de pensar num título para a entrevista: “Josh Klinghoffer planeja ser um MC no próximo álbum do Dot Hacker”
Ah, com certeza (gargalhadas). Há algo tão engraçado nisto e vou bater em mim mesmo depois, mas há algo do tipo ao redor da música que fazemos. Eu ia adorar colocar, na próxima coisa que fizermos, algo que não soe nada como uma banda de rock, e sim como um álbum de hip hop.

Tradução: Ana Paula Machado Mancini.
Créditos: Smoovtunes.

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