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Em Unlimited Love, os californianos fazem as pazes com o passado e esbanjam nostalgia

Por Leticia Stradiotto


Mais de uma década depois, o guitarrista John Frusciante retorna às origens californianas e quebra o silêncio de seis anos na fábrica dos Chili Peppers. Sendo o décimo segundo álbum da banda, o calouro Unlimited Love chegou ao primeiro lugar na Billboard 200 e atingiu a segunda estreia no topo desde o aclamado Stadium Arcadium (2006). O sucesso do lançamento não foi em vão, o disco alcançou o que os fãs mais almejavam: trazer de volta aquilo que faltava.

Em Unlimited Love, os Red Hot Chili Peppers reacenderam o funk martelante de sua dinâmica original. Sem muita ousadia, é perceptível que a oportunidade de arriscar em novidades não foi o foco do novo álbum, por outro lado, foi construído para proporcionar a melhor experiência de recepção. A nostalgia do Amor cura toda a saudade e acolhe com imensa familiaridade o som Ilimitado que apenas os californianos sabem produzir.

Ao longo de 47 minutos, a alegria de Flea, Kiedis, Chad Smith e Frusciante é sentida em todos os compassos musicais com a empolgação que já era aguardada. Toda essa expectativa abrange o retorno do guitarrista que produziu sucessos como Californication e Blood Sugar Sex Magik, logo, fica claro que a esperança é a de que muita coisa boa vem pela frente. Apesar dos integrantes escolherem faixas como Black Summer e Poster Child para serem os alguns dos singles, não significa que essas são as melhores, muito pelo contrário, o grupo decidiu deixar o melhor para o final, ou seja, para o lançamento íntegro de Unlimited Love.

Com um mix de referências, o primeiro contato com os singles traz influências nos riffs que remetem a alguns momentos do Led Zeppelin e a fase inicial da própria banda. A personalidade do álbum muda continuamente, mas evita as mudanças bruscas, dessa forma, o que realmente marca cada faixa são as texturas estilísticas. Em Bastards of Light, o sintetizador revela um acústico do folk-rock puxado suavemente para o country, enquanto Not the One evidencia uma balada disco no famoso slow dancing, que é aquela música para balançar lentamente em casal.

Poster Child e She’s a Lover garantem a entrada de Flea – pela milésima vez – em nossos corações, o funky contagiante é extremamente acolhedor e digno de muito replay. Além disso, a performance eficaz de Frusciante unida à bateria de Chad Smith resultam no brilho da faixa These Are the Ways com direito a clipe de perseguição policial e um pézinho no heavy metal.

O disco tem uma abordagem delicada e talvez seja um pouco mais trabalhoso para digerir. Há muito a ser absorvido, de modo que é difícil concluir ou apreciar o álbum em poucas audições. Entretanto, a obra tem seu empenho em relembrar eras passadas, como em It’s Only Natural, que consegue recapturar a beleza suave do groovy encontrada no álbum By The Way. Os Chili Peppers fazem as pazes com o passado e redescobrem sua química sonora, o que é algo realmente intenso e significante para os fãs de longa data.

Unlimited Love é uma experiência gratificante e nos dá aquele gostinho de quero mais, a nostalgia do álbum se transforma em competência e conforto. Com Frusciante de volta, o quinteto californiano reencontra o dinamismo que supera o de bandas com metade de sua idade. Por ser aguardado com muitas expectativas e idealizações, o resultado final do disco pode não ser a primeira coisa que vem à mente quando recomendamos Red Hot Chili Peppers, mas isso não significa que não somos gratos por sua existência.

✳️Leticia é de Bauru (SP) e estudante de jornalismo na Universidade Estadual Paulista (UNESP).


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