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Entrevista: Chad Smith fala sobre Led Zeppelin e o famoso estúdio “Headley Grange”

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Como já mostramos aqui, Chad Smith recentemente visitou o lendário estúdio do Led Zeppelin, o Headley Grange. Ele conversou com a Music Radar sobre essa visita, e abaixo está a tradução que fizemos dessa entrevista. Confira:

Podemos dizer que o baterista do Red Hot Chili Peppers, Chad Smith, realizou uma de suas maiores fantasias de um rock star adolescente. Mas um item dessa lista, gravar no Headley Grange (uma casa do século 18, localizada em Hampshire, Inglaterra, local de gravação de várias bandas dos anos 60 e 70, incluindo o Led Zeppelin), não estava previsto, já que Chad achava que isso não era possível.

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“Algumas fantasias são possíveis de realizar de um jeito ou de outro”, Chad diz. “Vamos dizer que você queira gravar no Eletric Lady, coisa que eu ainda quero fazer, se você tiver dinheiro você pode gravar lá. E assim por diante. Mas durante anos, gravar no Headley Grange era impossível. Eles fecharam para o público em 1975. Então eu nem pensava nisso. E de repente eu estava: ‘meu deus, você está dizendo que eu posso?’.

Chad ganhou essa oportunidade de ouro quando a Spitfire Audio convidou ele, junto com o lendário baterista do Queen, Roger Taylor, para participar de um projeto chamado “The Grange”, uma biblioteca virtual de samples para a Native Instruments Kontakt Player, que irá permitir que músicos possam adicionar os dois bateristas em suas próprias composições. “Foi uma grande honra fazer parte desse projeto. É uma ferramenta muito útil e criativa para bateristas e músicos. E fomos capazes de voltar na história, de um jeito que nunca imaginaríamos. Todo mundo saiu ganhando”.

Como essa história começou? Quando você ficou sabendo desse projeto sobre o The Grange?
Estávamos tocando no festival Isle of Wight no ano passado, e eu fui abordado pelo Louise King (ex editor da revista Rhythm), que disse: ‘eu conheço uns caras da Spitfire, eles fazem ótimas bibliotecas de samples. Acho que eles podem fazer você gravar no Grange’. Eu ri e disse: ‘o Grange do Led Zeppelin? Claro, isso seria ótimo’ – imaginando que isso nunca aconteceria. Parecia maravilhoso, mas você sabe, ninguém toca lá há 40 anos. Eu conversei com os caras da Spitfire pelo telefone, e eles foram muito legais – muito entusiasmados e reverentes – e eles disseram que era verdade, que estavam planejando tudo. Eles sabiam da história relevante do Headley Grange e o que ele significou para os bateristas, e para a música em geral. Fiquei com uma ótima sensação deles e percebi que queriam fazer algo bem especial, então eu disse: ‘legal, estou dentro’.

Sendo fã do Zeppelin desde criança, você indubitavelmente já leu sobre o Headley Grange em revistas, viu o nome na capa dos álbuns…
Sim, tudo isso. Antigamente, eu polia as capas dos álbuns. Geralmente as páginas interiores continham fotos e informações, fotos legais. Se eu via o nome Headley Grange, eu ficava: ‘wow, que lugar é esse? Headley Grange, deve ser incrível’. Para um adolescente essas coisas parecem tão míticas. Agora existem muitas informações sobre tudo. Bandas são mais acessíveis, e você pode vê-las em qualquer lugar. Antes, você quase nunca via o Led Zeppelin, eles eram muito inacessíveis. Eles não apareciam na televisão, então o único jeito de vê-los era nos shows, se você pudesse comprar ingressos. Eles eram míticos e misteriosos, e tem todas aquelas histórias sobre drogas, groupies, Aleister Crowley, e coisas assim. Para uma criança que nem eu, isso era coisa grande. O Headley Grange era uma parte fundamental dessa lenda.

Se tornou parte da vibe do Zeppelin, assim como o Abbey Road para os Beatles. Com as duas bandas, você meio que personaliza o ambiente com a música.
Isso. Sobre o Abbey Road, ele é um estúdio de verdade. A mesma coisa com o Eletric Lady e Hendrix, estúdio de verdade. Lugares famosos, mas são diferentes. Se você tiver dinheiro, você vai e grava lá. Você não pode entrar no Headley Grange. Tem sido uma residência privada por muitos anos, e eles pararam de abrir para bandas depois que o Zeppelin fez o Physical Graffiti lá. E assim se constrói um mito. Mesmo se você tiver dinheiro, você não pode fazer.
Para mim, é isso que faz ser tão especial. Complementando o que você disse, existe algo sobre o lugar. E certamente, é um ícone quando se fala sobre bateria e bateristas. É o lugar onde John Bonham gravou When The Levee Breaks. Como Roger Taylor diz, é um ponto de referência. Eu ainda estou me beliscando – sou o primeiro cara a gravar no Headley Grange desde o Bonham. Ainda bem que os donos só me disseram isso depois que eu gravei (risos).
Eu fui de Los Angeles para lá, e eu estava tão animado na noite anterior, que eu não consegui dormir. Tipo, Led Zeppelin é minha banda favorita, e Bonham é o meu baterista favorito. São meus álbuns favoritos, basicamente. Você entra, e na entrada da casa tem uma escadaria. Eu já tinha lido sobre essa escadaria, e agora eu estou olhando para ela. Foi pesado.

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O que a Spitfire queria que você fizesse especificamente? Que tipo de plano ou agenda eles passaram para você?
Foi meio que improviso. Eles certamente fizeram a lição de casa para essa gravação – eu estava tocando e eles estavam capturando. Eles conversaram comigo e disseram: ‘queremos que você faça o que sabe fazer’. No começo eu disse: ‘legal, cara. Vou tocar Led Zeppelin nesse velho kit Ludwig do Bonham’. Eu ia tocar isso. Mas eles disseram – bem educadamente – ‘oh não, isso já foi feito. Queremos que você faça a sua coisa’. Foi divertido – despertou o fã adolescente em mim.
Eu toquei por 5 horas, todos os tipos diferentes de grooves e batidas. Eu toquei baixo, alto, devagar, rápido. Fiz o que tinha que fazer (risos). Eles me encorajavam – ‘toque isso, toque aquilo’. E claro, fiz todos os takes de samples, toquei cada bateria e prato, indo de baixo para alto. Quando você escuta, sou eu tocando tudo. Você pode cortá-las, diminuí-las ou acelerá-las. Pode usar dois microfones, seis microfones – o que você quiser.
O legal é que eles gravaram em uma fita de duas polegadas. Isso faz muita diferença. Fizemos nossos últimos álbuns em fita e com Pro Tools, e eu acho que é bem difícil dizer a diferença – o Pro Tools ficou muito bom. Mas é uma diferença que nem dia e noite. Há muita profundidade e perspectiva na fita, e não há chiado e distorção. Eu atribuo isso à casa, porque tem muita personalidade.

Mesmo com eles dizendo para você ser você mesmo, quando você sentou naquela bateria, estando no mesmo lugar que Bonham tocou, isso não fez você tocar diferente? Mesmo que só um pouco?
É, isso afeta você. Quando você senta ali, você tem que tocar Led Zeppelin, você tem! (risos). Não tem jeito. Acusticamente, quando você se escuta tocando em qualquer lugar, isso afeta o jeito que você toca. Você reage ao que soa bem em um determinado lugar. Mas quando você leva em conta o que já foi tocado naquele lugar há anos, sim, isso passa pela sua cabeça.

De um ponto de vista sonoro, por que o Headley Grange torna os sons de bateria tão bons?
É interessante. Você entra na casa, vê a escadaria e então você nota que não é um lugar muito grande. Pelo som de Levee Breaks, você imagina que é um lugar cavernoso, mas na realidade é bem pequeno. Em vez de a escada ser circular, ela é quadrada, e vai até o terceiro andar. No meio da escada tem uma viga de madeira com um candelabro para iluminar os quartos. Eu olhei para aquilo e disse: ‘a-há. A escada e a viga de madeira quebram o som’. Quando você está em uma grande sala plana, pode ser muito difícil conseguir um bom som. Quando isso é quebrado, o som fica mais suave. O piso é feito de madeira – não há nada de suave nisso – É uma coisa de design, um feliz acidente. Com o Headley Grange, por causa do espaço maior e ressonante, eu achei que as notas soaram melhores. Pra mim, as batidas rápidas ficaram um pouco perdidas. Não quero dizer que ficaram ruins. Eu gosto das batidas mais lentas porque elas mostram o que tem de especial naquela escadaria. E foi mais divertido (risos). Sabe, eu conversei com o produtor/engenheiro de som Andy Johns sobre isso. Ele me disse o que todo mundo sabe – Bonham trouxe um novo kit de bateria, eles montaram ela, os caras da banda foram para um pub, e Andy colocou dois microfones no chão da sala, e colocou a “echo machine” italiana de Jimmy Page em cima dele, e pronto, aí está o som. Andy me disse que era bem simples e rápido, e é isso. Eles gravaram assim com Levee Breaks, mas quando gravaram Misty Mountain Hop e Kashmir, eles colocaram os microfones bem próximos dos instrumentos para essas músicas. É essa a diferença no som. Levee Breaks tem dois microfones, e as outras foram gravadas com microfones bem próximos.

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“Headley Grange”

Sentado na bateria e tocando naquela sala, a realidade é diferente da fantasia que você montou na sua cabeça por anos?
Oh sim, você imagina: ‘wow…headley grange. É como se fosse a terra média de Tolkien ou algo assim’. E na verdade é em um lugar remoto, certamente foi mais remoto nos anos 70, e essa é a razão pela qual o Zeppelin quis ir para lá, para ficarem longe de tudo. Mas é apenas uma casa normal, e isso faz com que seja mais legal ainda. Isso mostra que você pode fazer coisa incríveis se tiver as pessoas certas, os instrumentos certos e as músicas certas. Tudo funcionou. O lugar tem algo único, algo que não dá para construir. Tem personalidade. Ao contrário da maioria dos estúdios construídos hoje em dia, onde eles querem fazer as coisas de uma forma tão genérica. Que muda tudo ao seu redor, que tira a personalidade. Ou algum “expert em acústica” que muda tudo, e também deixa sem personalidade. O que aconteceu no Headley Grange foi quase que por acaso. Não era para acontecer, mas aconteceu.

Você estava presente quando Roger Taylor e Andy Gangadeen gravaram?
Não, não estava. Eu fui o primeiro a gravar. Eu toquei em uma sexta-feira, Roger tocou no sábado e o Andy no domingo. Eu conheço um pouco o Roger, então deixei um recado para ele – “Se divirta”. Roger é um Bonham mais contemporâneo. Eu acho que a Spitfire queria alguém como ele, e eu sou o cara do meio, e o Andy é o cara moderno. Muitas pessoas nos Estados Unidos não conhecem ele, mas ele é incrível.

Você tocou outras músicas do Bonham enquanto estava naquela sala – apenas por diversão?
Acho que toquei Rock and Roll – eles gravaram essa música lá. Acho que toquei também The Rover, outra que foi gravada lá. Isso é muito legal! Ah, e outra coisa sobre o lugar – lá tem a lareira onde o Robert Plant escreveu a letra de Stairway To Heaven. Fica na sala principal, onde eles editaram as músicas. Acho que ele sentou ali, e pronto, escreveu 80% dela ali mesmo. Então, claro, eu sentei onde ele sentou. Quem não sentaria? (risos). É uma oportunidade única na vida. Eu estava tão realizado, como se eu estivesse flutuando o dia inteiro.
Eu conversei com os proprietários da casa. Eles eram bem legais – um velho casal, casados há muito tempo. A esposa ganhou a casa como presente de casamento de sua avó em 1969. Isso que é presente, né? (risos). Era pra ser uma casa para as pessoas que trabalhavam na fazenda. Conversar com eles foi interessante. Eles não sabiam nada sobre bandas de rock. A esposa disse: ‘tinha um cara, motociclista, que estava tão bêbado, que ele tentou montar em um porco’. Eu pensei: ‘Sim, parece ser o Bonham’ (risos). Ela disse que apenas um ou dois caras estiveram lá para o Led Zeppelin III. Ela não tinha certeza sobre o IV. Mas ela disse que quando eles voltaram para o Physical Graffiti, haviam garotas e estava uma loucura. Eles tentaram queimar o piano, ou alguma coisa assim. ‘Stairway To Heaven – eu sei sobre o que é isso’, ela disse. ‘Foi quando eles subiram as escadas com as garotas’. E eu disse: ‘não tenho certeza sobre isso, mas tudo bem’. Ela tem sua própria opinião sobre isso.

Um trecho da gravação de Chad para a Spitfire Audio:

Créditos: Music Radar
Tradução: Amanda Olivieri

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